terça-feira, 15 de maio de 2012

Capitulo 5:Esperando por dias melhores


Que noite horrível foi essa, eu não consegui pregar os olhos, ainda estava em choque por aquela briga, foi tudo tão rápido que em questão de segundos meu pai se transformou naquele monstro.Eu senti tanta dor no meu espírito por tudo, meu sono não vinha e minha cabeça se enchia de pensamentos que me deixava mais triste ainda.Antes do meu despertador tocar eu levantei, fui na frente do espelho e diante de mim havia aquela imagem: de uma garota feia e chorona, além de tudo mal amada pelo pai.

Fui tomar banho, a água quente caia sobre meu corpo, minhas lágrimas iam sendo levada pela água do chuveiro, pena que não podia dizer o mesmo sobre meus pensamentos, apesar de tudo eles permaneciam, e pior, ainda mais forte e doloroso.
 
Depois do banho, consegui limpar minhas lágrimas, meu rosto estava inchando de tanto chorar.Eu estava cansada daquele cabelo solto, então resolvi fazer um ‘’rabado de cavalo nele’’
 
Eu pensei que na aula eu ia me distrair com outra coisa, mas confesso que me enganei amargamente.Eu não conseguia pensar ou fazer nada, eu só ficava lembrando da briga, nem conversar com meus amigos eu consegui hoje.

Na saída do colégio fui cumprimentar meus amigos, eu não me sentiria bem se tudo aquilo que tinha acontecido a semanas atrás voltasse a acontecer novamente.Dei um abraço apertado nos meus dois amigos, eu me sentia bem abraçando eles, pelo menos com eles tinha certeza que eles me apoiariam.
 
-Amiga conversou com seu pai sobre ir amanhã à minha casa?Eu não queria contar nada do que aconteceu para meus amigos, mas eles perceberam que eu não estava bem, e além disso eu devia dar a resposta para eles.
-Gente nós podemos nos sentar? Eu queria contar o que aconteceu.

 Sentamo-nos então comecei contar tudo para eles, da briga e de como estão sendo difíceis esses dias, o tanto que anseio por dias melhores.Lívia e Fernando ficaram assustados e horrorizados com a atitude do meu pai e ficaram com pena de mim, eles viram o tanto que estou sofrendo.

Depois de contar tudo para eles todos ficaram em silencio, parecia um velório, e esse momento de silencio me fez pensar em tudo novamente. Meus olhos se encheram de lágrima e eu não pude contê-las.
 
Na mesma hora tentei disfarça, mas já era tarde demais ,Lívia percebeu que eu estava chorando e foi me consolar dando um abraço.
-Amiga fica assim não, eu sei que é difícil, mas no fundo mesmo parecendo que nossos pais estão errados, eles sempre estão certos. Ele te ama muito, ele apenas se descontrolou.
 
-Bia, eu sei que tudo às vezes não parece ter sentido, parece que nossas vidas são empurradas abismo abaixo, mas para isso que existem os amigos, para ajudar essas pessoas, nunca te abandonarei amiga.
-Obrigado Fe. Fico muito feliz ao ouvir essas palavras tão belas.

Fernando me abraçou, eu fiquei mais animada com as palavras belas dele, ele é um verdadeiro amigo, ele e Lívia são verdadeiros amigos, os melhores e únicos amigos que tenho.
 
Hoje sábado era para eu estar na casa dos meus amigos, e agora estou aqui sozinha olhando dessa sacada o rio que ficava em volta da cidade.
 
Realmente a noite estava bela, pena que o ‘’tempo’’ estava ficando cada vez mais fechado aqui em casa, ninguém olhava para a cara do outro, nem pelo menos trocava um bom dia, eu só ficava presa nesse quarto, faz dois dias que eu não janto ou almoço com eles.Eu sentia tanta falta do amor dos meus pais, eu necessitava de um abraço deles ou de apenas quatro palavras ‘’Eu te amo filha’’.

Quanto mais horas se passava mais a dor ficava intensa, e ainda mais naquela noite tão linda, as estrelas brilhavam mais e a lua estava linda.

De repente fui interrompida pelos meus pensamentos, era meu pai, ele sentou-se ao lado de mim olhando para o céu.

 -O céu está lindo hoje..Falou ele.Mesmo meu consciente falando para eu não responder meu subconsciente falou mais alto.
-Realmente está lindo..Falei.

Ele virou para mim, a lua estava iluminando seus belos olhos azuis.-Filha acho que devo desculpas para você, eu não fui um homem quando te fiz aquilo, fui um covarde sem coração .Eu sei que na quinta eu parecia ser um monstro, mas não sou. Eu te amo tanto, me arrependo tanto pelo que fiz. Eu e sua mãe estamos sentindo tanta sua falta, falta do seu amor por nós. Eu devia ter deixado você ir na casa da sua amiga, me culpo todos os segundos por ter feito essa situação.




Eu estava tão envergonhada por tudo, apesar de que meu pai agiu brutalmente eu estava errada também, eu ocasionei a briga.
-Eu que devo te pedir desculpas, você é meu pai e eu fui grossa com você, eu não tenho autoridade de gritar com você, me sinto tão envergonhada por isso.


Eu não consegui me segurar e chorei mais ainda, meus olhos ardiam de tanto que chorei esses últimos dias.O silencio voltou novamente a assombrar a sacada do meu quarto.



-Filha não chore, assim você me deixa mais triste.-É para isso que sirvo pai, para deixar as pessoas que eu amo tristes.


 
Meu pai levantou-se.
-Filha a partir de hoje prometo que vou tentar ser um pai melhor, agora entendo que para você ser feliz preciso te libertar, eu quero ser um bom pai.‘’Confesso que nunca pensava escutar isso do meu pai, daquele homem de pensamento antigo e antiquado, o que fez ele mudar de ideia? Pergunto-me’’ 
Eu não aguentei de felicidade e dei um abraço em meu pai.-Me desculpe pai...Falei com meu coração saltitando de felicidade-Claro que sim meu anjo, me perdoe?
-Você é meu pai e eu nunca vou sentir ódio de você.




-Belíssima cena.Quando fui ver quem tinha dito essas palavras vi diante de mim minha amiga Lívia com um sorriso largo no rosto, minha mãe estava ao seu lado com um cara enorme de satisfação.


 
Eu estava confusa, o que Lívia está fazendo aqui?
-Amiga sem querer ofender, mas por que você está aqui?
-Já ouviu a frase ‘’pelos meus amigos faço tudo’’ então eu fiz isso, pois percebi o tanto que você estava triste ultimamente.
-Não estou entendendo. Falei confusa.
 
-Seu pai precisava de ouvir uns conselhos, ele precisava ver o mundo de outra forma .Falou minha mãe acariciando a mão do meu pai.
-E sua amiga Lívia hoje veio aqui e conversou comigo, ela me fez abrir a mente e ver o tanto que eu estava errado. Obrigado Lívia.















Antes que Lívia pudesse agradecer meus pais estavam se beijando.
-É um prazer ajudar as pessoas...Falou Lívia.
‘’Confesso que eu estava zonza, eu não podia imaginar que Lívia fosse capaz de fazer algo tão lindo pelos amigos, ela enfrentou a fúria do meu pai e conseguiu tocar em seu coração.’’Nessa situação eu somente consegui sorri, pois eu estava tão feliz vendo que as coisas estavam se resolvendo.


Virei-me para Lívia, ela estava tão sorridente.
-Obrigado minha amiga, você conseguiu fazer a paz reinar sobre o teto da minha casa, você é meu anjo protetor.
-Não agradeça minha amiga, pelos meus amigos eu enfrento qualquer tempestade.



-Agora vamos para minha casa, seu pai deixou você ir.
-Não acredito! Nessa hora chega me assustei: -Meu pai deixou eu sair?
-Sim, então peguei um pijama, pois temos uma longa noite de fofocas,fofocas e mais fofocas..Lívia riu.
-Só vou trocar de roupa que nós vamos.
-Ok Bia, eu vim de carro, estarei te esperando lá embaixo.


domingo, 6 de maio de 2012

Capitulo 4:Estopim


As semanas que se passaram foram tranquilas em questão de convivência, o que estava pegando mesmo eram as matérias novas, uma mais difícil que a outra.
Porém com esforço eu conseguiria uma boa nota final, já Lívia estava muito preocupada com as notas, ela não conseguia entender nada, prometi ajudar ela um dia desses depois da aula.

Numa aula de biologia quando fomos estudar mais a fundo sobre a reprodução dos vegetais fomos na estufa do colégio. Que lugar perfeito.Tinha uma ambiente natural sereno, é bem decorado, eu me sentia bem naquele lugar.
Fomos pelo menos umas quatros vezes naquela estufa. O melhor mesmo era ver o tanto que esse povo do colégio era ‘’fresquinho’’ quando se tratava de ‘’mato’’, era cada coisa que eu escutava que às vezes nem conseguia me conter nas risadas.

Apesar de eu tentar me enturmar com minha sala eu nunca conseguia pelo menos conversar com o grupo da Rebeca, sempre que eu me aproximava deles ela ficava rindo da minha cara, sua cara de ironia me deixava vermelha de tão sem graça que eu ficava, além disso, quando eu topava com ela na saída,ela e sua amiga Ana ficava rindo de mim, Gustavo só ficava escutando, não comentava nada do que elas conversavam ou riam sobre mim.

Já tinha se passado um mês desde que eu tinha conhecido Lívia e Fernando, eles queriam conhecer um pouquinho mais de mim, então decidiram me acompanhar até minha casa.
Foi muito bom ter como eles acompanhante, eu ria muito com as palhaçadas de Fernando e Lívia, o melhor foi quando Lívia começou a cansar, ela não parava de reclamar.

Depois de muitos minutos andando finalmente chegamos na minha casa.
-Bem gente aqui é minha casa, aceitam entrar?
-Obrigada amiga, mas não, tenho que voltar para casa e tomar um belo banho..Falou Lívia toda fadigada.
-Eu bem que podia entrar, mas deixa para próxima Bia..Falou Fernando.

-Ah que pena, então deixa para próxima..


Antes que eu pudesse falar algo Lívia começou a falar.
-Ah é mesmo. Bia depois de amanhã que é sábado queria convidar você para dormi na minha casa.
Eu fiquei sem reação com esse pedido, achei muito legal da parte da Lívia, por mim eu toparia na hora, o problema é meu pai.


-Bia vai ser muito legal, eu e o Fernando somos vizinhos do mesmo condomínio (isso eles não tinham me contado), podemos ver filme, fazer jogos, conversar,essas coisas de amigos.

Eu não sabia o que dizer diante disso, minha vontade de ir à casa de Lívia é imensa, mas se depender do meu pai sei qual vai ser a resposta.
-Gente eu não quero ser chata, eu queria muito ir nas suas casa, mas isso não depende de mim e sim do meu pai, ele é muito sistemático em eu dormi na casa de outras pessoas.

-Olha Bia, caso seu pai não deixe eu converso com ele.
-Ah amiga nem adianta ,meu pai é muito ignorante, não quero que ele te maltrate.
Sei que chamar meu pai de ignorante é muito feio, apesar de tudo ele é meu pai, mas a verdade é essa, meu pai é muito ignorante.

Mais tarde naquele mesmo dia depois do jantar meu pai e minha mãe estavam vendo novela, passei a tarde toda pensando e decidi enfrentar e arriscar, quem saiba ele mude de ideia.
-Preciso conversar com vocês...Falei já sentindo um tremor no peito.

-Eu não acredito que você está nesse nível já Beatriz, eu pensava que você me conhecia, mas que porra garota, a cada mês desde quando nos mudamos você só anda me dando desgosto. Minha resposta é não!!!

Eu nem deixei ele terminar de falar, apenas me levantei ,porém quando estava saindo meu pai gritou comigo.
-Não se atreva a virar as costas para mim, eu sou seu pai.








 Depois dessa eu não aguentei,tudo dentro de mim se transformou em ódio.
-É meu pai mesmo?!Então aja como tal! Você só sabe me recriminar e nunca me elogia, só sabe reclamar e encher meu saco!! QUE TIPO DE PORRA DE PAI VOCÊ É?! Você é um grosso e mal agradecido, me prende e nunca me deixar ser eu mesma. Você destrói minha vida!
Eu não aguentava mais, eu só estava me alterando. Meu pai ficou sem reação comigo gritando ,também ele nunca me viu ter essa reação.
-E tem mais a partir de agora eu vou agir de acordo com minha consciência e não com suas ordens!

Um silêncio permaneceu na sala. Meu pai tremia, eu pude ver nos seus olhos o ódio, eu agi e agora terei que enfrentar meu pai de frente. Meu pai se levantou e foi para cima de mim, minha mãe na hora se levantou também.
-É assim né?!Você escolheu pelo jeito mais difícil, então assim será.

Instantes seguintes meu pai enfiou uma bofetada muito grande da minha cara, o tapa não doeu tanto, o que doeu mesmo foi a atitude dele, aquele tapa para mim significava o tanto que ele se importava comigo.

-Eu te criei por dezesseis anos para você me tratar desse jeito?!Eu vou te ensinar como ter boa educação!!
Eu tentava me defender, mas meu pai era mais forte que eu, ele me derrubou no chão e me batia.
-Para pai, por favor!!!Socorro!! Eu só tinha essa reação.
Minha mãe estava desesperada, ela começou a chorar diante disso tudo.
-Gente para..Falava ela aos prantos.

-Eu não estou bem.
Minha mãe colocou a mão na cabeça e logo em seguida caiu desmaiada.

Meu pai na hora parou de me agredir e foi prestar socorro..
-Amor?!Você está bem?! Meu pai parecia desesperado.
-Sim, eu só quero que vocês parem de brigar, me leve para o quarto.. Minha mãe quase estava sem voz.
-Claro amor, se apoie em mim.

Alguns minutos se passaram, o silencio permaneceu na sala.
Eu fechei meus olhos e comecei a lembrar daquela cena maldita, meus olhos lacrimejaram e depois de tudo que passei comecei a chorar.
Era uma dor tão intensa, aquela surra não doeu externamente, mas sim internamente. Ele me agredia como um monstro atrás de sua presa, aquele não era o pai que eu conhecia.

Fui para meu quarto e lá chorei sem parar, senti meu coração pulsar mais rapidamente, minha alma estava machucada, meu orgulho destruído.
Aquelas cenas voltavam na minha cabeça, daquele homem que me feria sem pensar nas consequências, aquele não era meu pai, e se for meu pai, eu não aceitarei ele como.
Olha só como apenas em alguns segundos nossa vida pode ser destruída, me sinto sem teto, sem chão, tenho medo de pisar e cair, e agora nessa situação, não terei ninguém para me levantar.