sábado, 27 de outubro de 2012

Capitulo 36: Uma viagem surpreendente


   Às vezes quando estamos com nosso sentimento machucado, pensamento conturbado, alma ferida entre outras muitas outras coisas que nos fazem sentir como se tivesse em um abismo pronto para fazer a pior besteira do mundo, sentimos a necessidade de encontrar um lugar para encontrar a nossa paz interior. E foi isso que eu fiz, decidi viajar para uma ilha que abençoada por Deus; suas paisagens e atmosfera fazia ser não somente um lugar calma como divertido.
Eu precisava disso.

    Lembro-me as noites traiçoeiras que passei até chegar aqui, eu mal havia esperado dar 24 horas e havia pegado voo para essa ilha, eu não aguentava mais aquela cidade. Tudo parecia voltar mais dolorido do que era, precisava de um momento de paz com meu filho.
  Sobrevoando essa cidade lembrei-me de Nando, o helicóptero caiu nas redondezas daqui, eu queria ter esperança encontra-lo aqui, mas sábia que isso passava de uma hipótese.

    Depois que descemos do aeroporto fomos direto a casa de praia que eu havia comprado.
   Finalmente pude dar a devida atenção para meu filho, lhe dei um abraço muito forte para compensar todo esse tempo perdido, eu nunca mais queria ficar longe do meu filho.
-A mamãe estava com tanta saudade tudo, eu prometo que nunca mais te deixarei tanto tempo sozinho, agora você e eu vamos viver para sempre.
-Eu também senti muita falta sua mãe. Foi bom ficar lá, mas estar ao seu lado é melhor.
Essas palavras que ouvi da boca do meu filho me fez querer emocionar.


Olhamos para casa e falei para meu filho.
-O que achou da casa meu filho?
-Muito linda mãe.
-Vamos entrar e conhecer onde vamos passar nossas férias?



Entramos numa sala que dava direto para a vista daquele belo oceano. Sabe aquela sensação de paz que você começa a sentir no coração? Eu já havia esquecido de tudo que aconteceu na cidade que vivia aquele homem, eu agora queria viver novas aventuras.
-Filho está preparado para um dia de diversão?!
-Opa diversão é comigo mesmo.. falou ele rindo.


   Eu estava muito tensa por causa dos ocorridos dos dias anteriores, na verdade eu acumulei em meus nervos o que ocorreu durante esses quase seis meses que fiquei naquela cidade.
  Meu primeiro passo foi me jogar dentro de uma jacuzzi, ao mesmo tempo em que aquela água que jorrava em meu corpo me tranquilizava, o som do oceano e a paisagem pitoresca se uniam a um só elemento e me faziam ficar mais tranquila. O melhor de tudo era poder também ouvir uma musica bem relaxante.

   Enquanto isso Davi ficava aproveitando o sol escaldante e uma boa piscina, ele brincava com a piscina como se nunca tivesse brincado. Eu não o via sorri assim faz um tempão, e para mãe ver seu filho sorrindo é algo que não tem como explicar.

   A hora do almoço já havia chegado, como um dia divertido passava tão rápido. Decidi preparar algo prático e delicioso, uma comida perfeita para o momento em que eu e meu filho possamos aproveitar a linda paisagem que essa cidade nos oferece. Enquanto eu fazia o nosso almoço ele ficava se divertindo na piscina, isso me lembrava dos bons tempos quando Nando ainda estava vivo.
-Filho estou terminando venha comer.
-Estou indo mamãe.

   Na hora do almoço eu e Davi ficamos admirando as paisagens que aquela cidade tinha oferecer, o belo oceano azul marinho, as brisas marítimas frescas e suaves. Durante meses fiquei somente focada com vingança que esqueci de viver novamente. Agora nessa linda ilha ao lado do meu único amor verdadeiro quero aproveitar tudo que o dia pode me oferecer.

   Depois de fazer aquela famosa digestão fomos brincar em um brinquedo aquático, sabe é muito irônico isso porque eu não fazia isso a anos. Será que eu estava voltando aos meus antigos valores?
  Se a resposta fosse sim eu afirmo que estava adorando ficar rindo como se fosse uma criança, e melhor ainda era escutar meu filho rindo. Eu já era uma mulher de quase trinta anos, mas estava feliz em poder voltar a exatamente onze anos atrás, quando minha preocupação era apenas estudar e brincar com os amigos. Talvez nossa juventude nunca se perca, apenas, a escondemos.

   Para aproveitar um pouco da tarde de sol fomos a uma praia, enquanto eu me relaxava e pegava aquela famosa cor de praia, Davi ficava brincando na área.
  Sinceramente nós nunca fomos em uma praia de verdade, na antiga cidade em que Davi nasceu a praia da cidade era poluída, então não íamos lá, apesar de que o por do sol era maravilhoso.

   Enquanto Davi brincava construindo seus castelos de areia eu ficava apreciando a vista do oceano. Essa praia é um convite ao deleite, nunca havia visto algo tão parecido.

   O crepúsculo ao entardecer havia desaparecido e a escuridão da noite estava chegando, essa cidade era perfeita de noite e de dia. E Nada melhor do que andar de bicicleta ao anoitecer.
Eu adorava escutar os barulhos das ondas e poder sentir as brisas em meu rosto

   Nossa ultima atração da noite foi ficar em uma fogueira na beira do mar. Eu me lembrava claramente quando foi a ultima vez que eu havia feito isso. Foi bem naquelas férias em que meu namoro com Gustavo estava em alta, naquela época eu achava que o amor era a única coisa que poderia me consolidar, como eu estava errada.
-Mamãe você está calada, o que aconteceu?
-Lembranças filho.
-São lembranças boas?
-Talvez seja talvez não..Falei olhando para o fogo e me lembrando de como naquela férias a noite estava gelada e eu fui aquecida pelo Gustavo.

   Antes de dormi Davi pediu uma guerra de travesseiros e como eu não resistia a essa tentação ficamos um tempão brincando disso. Eu parecia uma criança até querer apelar eu queria.

   Antes de dormi fui contar uma história para Davi dormi, contei a história da bela e a fera.
  Apesar daquela história já ser ultrapassada eu queria que meu filho entendesse o verdadeiro sentido da vida. Que nós fazemos nossas escolhas e definimos quem somos, e que a beleza externa não é nada comparada com a que vem do coração, agente é o que queremos ser e não o que ditam para sermos.

 -Então mamãe uma vez eu vi uma foto sua quando adolescente. Por que você mudou tanto se beleza não significa nada e as pessoas não precisam ditar para você o que você é?
 Meu filho realmente me surpreendeu com essa pergunta, ele estava ficando esperto. Então decidi pensar profundamente e comecei a responder.
-No fundo eu queria apenas impressionar seu pai, eu imaginava que se mudasse seu pai Nando iria ter um olhar diferente para mim... na verdade fiz isso não só para Nando como para Gustavo.

 -Você ainda ama o pai mãe?
-Sempre meu filho, seu pai é uma pessoa que não tem definição, eu o amo muito.
‘’E se ele tivesse vivo eu havia feito tudo diferente’’ Falei a mim mesma.

 Peguei nas mãos de Davi.
-Filho quando você crescer mais um pouco irei te contar umas coisas, mas eu quero que você me compreenda e saiba que a mamãe fez isso por amor a você..Falei me emocionando.
-Mamãe eu não sei o que é, mas eu sei que você me ama e sempre vai me proteger.
-Para todo o sempre irei estar ao seu lado meu anjo. Durma com deus.

   Fiquei ao lado do meu filho pensativa, foram tantas mentiras que eu nem sábia por onde começar a contar para ele, tinha medo de que ele não me compreendesse e me julgasse mal.
  Fiquei minutos e minutos pensativa no que iria fazer quando ele crescesse enquanto isso ele caia no sono.
  Depois dele dormi dei um beijo que saiu molhado por causa das minhas lágrimas.
-Me perdoa por tudo meu filho..Falei chorando.

 Fiquei olhando aquele lindo menino deitado na cama, logo ele se tornaria um grande rapaz.
-Como o tempo passa, esses dias ainda estava em minha barriga..Falei tentando segurar o choro.

   Fui à janela olhar a calmaria do oceano e tentar me controlar. Como a noite estava bela, foi um ótimo dia, porém cheio de lembranças.
-Nando como sinto sua falta, gostaria que você visse nosso filho crescer.

   No dia seguinte decidi ir pegar sol bem cedo enquanto meu filho dormia, aproveitei para ver o sol nascer pelo oceano.
  Procurei ir a uma praia que não tivesse tantas pessoas e fosse um pouco afastada, eu ainda estava sentimental por tudo que havia acontecido, eu precisava esclarecer as ideias e esquecer o Gustavo de vez em minha vida.

 Fiquei segurando a bolsa de produtos para pegar sol e comecei a falar a mim mesma que eu esqueceria Gustavo. Tentando ainda lembrar meu tempo estudioso lembre-me de um poema sobre a dor que o amor pode nos ocasionar e comecei a recita-lo em voz alta para o mar
-Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo amor?

   Sei que parecia uma coisa de pessoa louca, mas fazer recitar aquele poema com todo meu fervor me fazia acalmar. Eu precisava expor o que estava sentindo, e não há nada melhor do que palavras ditas aos ventos.
Sei que parece loucura, mas eu sou assim.

 Deite-me no chão e nem coloquei o meu biquíni, eu me sentia tão em paz.
  Decidi ficar olhando a paisagem do céu, as pequenas e altas árvores se balançavam a medida que o vento passava. Aquele lindo céu azul fazia-me querer voar nessa imensidão.

 Fui interrompida com uma sombra que um rapaz fazia.
-Com licença madame você tem um dinheiro para me dar?
  Quando ouvi essa voz entrei em choque, aquele som, aquele grave, aquele modo de conversa era só de uma pessoa que eu reconheceria a distancia.

 Arrisquei ao olhar para ele e aquela imagem perfeita do Fernando estava em minha frente. Minha pele se sensibilizou e meu corpo ficou arrepiado.
Reconheceria aquele olhar de longe, aqueles olhos verdes cintilantes e seu rosto definido.

 Levantei-me tremendo com a imagem que eu via diante de mim.
-Isso é um sonho? Falei tremendo.
-Não que eu saiba.

    Depois de eu ficar frente a frente com Nando dei uma beliscada em mim.  Foi quando cai na real e vi que aquilo era verdade. Em minha frente estava Fernando.
  Meu coração disparou e meus olhos lacrimejaram. Uma emoção súbita subiu em meu peito, eu não sabia como reagir.

 Cheguei minha boca perto de Fernando.
-Nando você voltou para mim? Falei aos prantos pegando em suas mãos.

 Ele soltou minhas mãos e afastou-se de mim.
-Desculpa senhorita mas meu nome não é Nando, nem sei quem sou direito.
  Quando ele falou isso pude observar que ele havia se esquecido de tudo, ele usara a mesma roupa quando o helicóptero caiu no mar, porém a roupa estava rasgada.

 -Nando sou eu a Bia, por favor se lembre.
Ele olhou colocou as mãos na cabeça e começou a tontear.
-Desculpa mas não me lembro de você mesmo, só me lembro de muita água e eu desesperado.
-Nando sou eu sua esposa.
-Desculpa senhora mas não me lembro.

 Nando começou a andar e me deixou sozinha, comecei a desesperar e não encontrava uma solução.
-Desculpa Beatriz mas eu não sou casado pelo que me lembro. Eu irei indo tenho que arranjar comida.

 Eu corri até ele e puxei a sua camiseta.
-Vou te fazer lembrar quem sou eu.
-Me deixe em paz moça eu não te conheço.
-Por favor se vire..Implorei

 Ele custou mas se virou, eu peguei delicadamente em suas mãos, se ele fosse para se lembrar de algo eu deveria trazer uma lembrança dele lá no fundo. Espero que eu esteja certa.
-Tudo começou quando apenas dois jovens se conheceram em meio de uma confusão, ao invés da bela ela era a fera, e a fera era o belo. Uma garota desajeitada que não confiava nos próprios sentimentos. Ele ensinou a ela que podemos escolher nossos caminhos, e o amor prevaleceu apesar das diferenças....Falei emocionada.

 -então eles tiveram um lindo menininho e viveram feliz para sempre, até que a morte os separaram.
Agarrei em seu pescoço e dei um selinho.

 De repente ele se soltou, seus olhos arregalaram.
-Bia é você? O que aconteceu?...Após essas palavras me senti aliviada, ele tinha voltado.
-Sabe o que aconteceu? O nosso amor falou maior do que todo mal que nos separava. O vento tomou você de mim e o oceano me trouxe de volta...Falei chorando.

 Eu me joguei em cima dele e comecei a beija-lo.
-Eu te amo.... Ele falou sussurrando ao meio dos beijos.

   Foi a primeira vez que eu havia tocado nele, e aquela sensação de segurança que eu não sentia há muito tempo havia voltado. Nando me beijava com toda melancolia e delicadeza e lá continuamos durante muitos minutos.
  Eu estava fazendo o que devia ter feito há muito tempo, mas sabe o que dizem por ai né? O amor vem por acaso e quando agarramos ele nunca mais queremos perder, até porque quando se perde aquilo que considerávamos amor não é de verdade, e quando se ama é para sempre.
  Aquele beijo não significou apenas o que eu sentia, mas o que eu precisava para esquecer do outro.

  De um beijo para o outro, de uma empolgação para desejo começamos a tirar a roupa ali mesmo.
  E naquela praia deserta fizemos amor, foi ali que selemos o começo de um amor que estava escondido.

4 comentários:

  1. Nossa!!! Adorei este capítulo! No início ainda pensei que Nando poderia voltar mas depois achei impossível e no final, a felicidade cresceu no meu coração, Nando voltou para Bia! Que felicidade por eles e por aquele rapazinho que também tinha amor pelo pai.

    Beijinhos e uma boa semana!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Que bom que Gostou *-*
      Eu à principio sempre quis fazer o Nando sumir, até pq a Bia precisava passar por certas situações para se redescobrir.
      E o amor agora falou mais alto, Bia sempre amou o Nando, só que o amor deles surgiu de forma natural e mais bela de todas.
      Obrigado, uma boa semana para você também *-*
      Beijos

      Excluir
  2. Parábens pelo capítulo, o melhor ^^
    Beijoos, Boa semana ^^

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado Mariana *-*
      Fico feliz que tenha gostado, é muito saber que meu trabalho lhe agrada.
      Obrigado por comentar.
      Beijos e boa semana

      Excluir